2009-01-07

Disputa bilateral pelo gás natural

O fornecimento de gás natural vindo da Rússia, transportado através da Ucrânia para consumo local ou externo, ficou estabelecido no contrato assinado em 2002 entre a Gazprom e a companhia estatal ucraniana Naftohaz Ukrainy. O contrato é válido até 2013 e estabelece que uma parte do gás russo fornecido à Ucrânia será pago numa relação de troca: transporte do gás através do sistema de gasodutos ucranianos.

A 9 de Agosto de 2004, foi assinado o Suplemento número 4 que estabeleceu a tarifa pelo transporte ucraniano e o preço do gás natural. De acordo com este Suplemento, o preço não poderia sofrer alterações até ao final de 2009. Mas a Gazprom argumenta que o Suplemento só é válido se os dois países assinarem um Protocolo Anual intergovernamental a especificar os termos do trânsito e outras condições específicas. Este Protocolo anual não foi assinado. Por sua vez, a Ucrânia reitera que a Rússia não está a respeitar o contrato assinado em 2002 e o Suplemento de 2004. Os dois países justificam assim a interrupção no fornecimento.

De acordo com o CIA’s World FactBook (dados de 2007), a Ucrânia é o sétimo maior importador e o décimo maior consumidor mundial de gás natural (ver na tabela abaixo).

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Actualmente, a Ucrânia consome mais de 80 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano, dos quais produz 20 mil milhões. Adquire, sensivelmente, 35 mil milhões ao Turquemenistão, recebe 17 mil milhões da Rússia como forma de pagamento pelo transporte do gás nos seus gasodutos para a Europa. O restante adquire à Rússia.

A Rússia é responsável por 25% do gás natural fornecido à Europa. Por sua vez, 80% do gás natural que a Europa recebe da Rússia passa pelos gasodutos da Ucrânia.

Alemanha e Itália respondem por quase metade do consumo de gás russo na União Europeia. No Reino Unido, os preços do gás já subiram entre 9 e 27%. A Turquia garante que todo o fornecimento de gás vindo da Ucrânia foi suspenso. A Roménia anunciou uma redução de 75%. Bulgária, Grécia, Macedónia, Croácia, República Checa, Polónia e Hungria também estão a ser afectadas. O leste europeu está muito dependente do gás natural russo e enfrenta por esta altura um Inverno rigoroso.

Desde que uma disputa similar ocorreu em 2006 a Europa diversificou as suas fontes de combustível e melhorou as suas reservas.

Desde o máximo de Julho do ano passado, a cotação do gás natural desvalorizou 59% (ver gráfico abaixo).


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Fonte: Bloomberg

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom post. Falta apenas uma coisa: um gráfico com a evolução do Nat Gas cotado no NYMEX...

ra

Juliana Silva disse...

O gráfico com a evolução da cotação do gás natural nos últimos 6 anos já está disponível no post.

Juliana