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2008-08-26

Asymmetric


A melhor forma de avaliar o trader é observar o seu comportamento na gestão de carteiras de investimento com dimensões diferentes. Por outras palavras, o trader que produz uma rentabilidade excepcional com uma carteira de 100 mil euros, poderá não o fazer com uma carteira de 10 milhões. Existem vários motivos que podem causar essas distorções - umas têm solução, outras não.

Primeiro, o tipo de instrumentos utilizados. Se o nosso trader pensa que consegue gerir, de forma indiferenciada, 100 mil euros ou 10 milhões através de futuros sobre sumo de laranja ou em acções de uma pequena empresa, está muito enganado. A reduzida profundidade desses mercados, e outros semelhantes, acabará por inviabilizar a estratégia. É a chamada "capacity constraint". Solução: o trader tem de se socorrer apenas de mercados onde essa questão não se coloca. No meu caso, trata-se de restringir a gestão aos futuros do Eurostoxx, S&P e Nikkei.

Segundo, o "contador". Com isto, refiro-me ao Profit & Loss (P&L) diário. Por exemplo, um ganho ou uma perda diária de 1% numa carteira de 100 mil euros ou noutra de 10 milhões traduz-se em valores diferentes: mil e 100 mil euros, respectivamente. Há traders que se guiam por estes números absolutos. E alguns não aguentam o desgaste emocional associado à transição de L's com poucos zeros para outros com muitos zeros. Por outro lado, também há aqueles que ao atingirem o seu primeiro grande P, entram de imediato em vedetismos que, inevitavelmente, os conduzem depois a uma lição de humildade. Solução: o trader tem de encarar os P&L's como percentagens e, tanto quanto possível, afastar-se das grandezas que gere.

Terceiro, os clientes. Já sabemos que o trader é remunerado para produzir rentabilidade. Contudo, a assimetria de emoções que se apodera do trader, consoante o seu P&L em cada momento, é detrimental. Quando está a ganhar, está a fazer o seu trabalho, aquilo que se espera de si, pelo qual é remunerado, por isso, ninguém lhe telefona a dar os parabéns. Quando está a perder, é um incompetente e todos lhe caem em cima. Naturalmente, este tipo de pressão sobre o trader aumenta à medida que os activos sob gestão crescem. Faz parte do negócio. Solução: não há.

2008-08-25

Apollo 25-Ago/Aug-08


Posição/Position: Curta/Short
Valor de entrada/Entry value: 1920.00
Valores de saída/Exit values: 1901.00/1939.00
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Siga em directo aqui/Watch it live here.
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Actualização às/Update at 16:16:
Posição fechada/Position closed at 1901.00.
Ganho/Gain: 1%
Performance desde o início/Performance since inception (1-Jul-08)
Apollo: +0.26%
Mercado/Market: +4.09%
Performance Sessões/Sessions:
Total: 39
Dias ganhadores/Winning days: 20 (51%)
Dias perdedores/Losing days: 19 (49%)

2008-08-21

Running away



A vida do trader é feita de transacções. E não há coisa mais frustrante que querer transaccionar e não conseguir. No meu caso, a minha irritação atinge níveis extremos em duas situações. Primeiro, sempre que estabeleço um ponto de entrada no mercado e o cancelo à última da hora sabe-se lá porquê - o tal "gut feel" que às vezes é impossível repudiar, mas que no balanço só prejudica. E, segundo, quando meto a ordem no mercado, através de uma plataforma electrónica ou por telefone, o mercado faz o meu preço mas não preenche a minha ordem. Detesto quando isto acontece, em particular, a segunda ocorrência: quando o mercado foge. Sobretudo, quando "a posteriori" se confirma que o trade era bom. Arrghh... E que deve fazer o trader nestas circunstâncias? Nada. A má execução faz parte do negócio. E, como não há uma sem duas, a pior coisa que pode acontecer ao trader é falhar a entrada e depois andar a correr atrás do mercado que nem uma barata tonta. Arrisca-se a perder dinheiro de todas as formas e feitios. "Whipsawed" - como se diz na gíria.

2008-08-16

Challenge


Sábado, 16 de Agosto, Undislosed location

É Verão mas está a chover...

Ao fim de semana falta sempre alguma coisa na vida do trader. Seja o frenesim dos écrans a piscar, a adrenalina do "compra vende, vende compra" ou, no meu caso, o desafio intelectual que o mercado simplesmente representa.

Ainda no outro dia, a minha futura mamã dizia-me "o que tu gostas mais nos mercados é do risco". Respondi-lhe que não. "O risco é precisamente aquilo de que eu gosto menos. Do que eu gosto mais é do desafio. Nos mercados, todos os dias sou posto à prova e avaliado de forma tangível". Em geral, o trader é muito exigente consigo próprio. Aquele que não vive a sua profissão com intensidade, não vencerá nesta actividade. O trader é também um solitário. É ele que sente o frio no estômago sempre que abre uma posição.

Mas o principal traço de personalidade do trader de sucesso é a sua combatividade. Paul Tudor Jones, uma principais lendas vivas de Wall Street, disse um dia a propósito de um dos seus concorrentes, o também extraordinário Louis Bacon: "He actually trades the very best after a drawdown, much like a boxer who is the most dangerous when he is hurt".

Entretanto, à falta de sol e do descanso da praia, dou comigo a pensar que aquilo que agora me apetecia mesmo era estar "aqui". Às vezes, também dá para isto!

2008-08-12

Serei mesmo?


A mente do trader é frequentemente assaltada pela insegurança. Em geral, esta manifesta-se após uma sequência prolongada de maus trades ou de trades perdedores. No caso dos primeiros, porque a violação das suas regras conduziu o trader à perda. Nos segundos, porque as perdas reduziram o valor da sua carteira. A solução é persistir, deixar de fazer maus trades e esperar que os bons trades deixem de ser perdedores até que a rota ascendente se estabeleça de novo.

Já "aqui" abordei o impacto do método - ou ausência dele - na gestão de uma carteira de investimento. Agora pretendo realçar a importância do horizonte temporal. No seu magnífico livro "PitBull - Lessons from Wall Street's Champion Day Trader", o célebre Marty Schwartz escreve o seguinte: "You have to understand your strengths and your weaknesses. It took me nine years to figure myself out. My strengths are dedication to hard work, dogged persistence, ability to concentrate for prolongued periods and a hatred for losing. My weaknesses are insecurity, fear of losing, and a need for constant reinforcement and frequent gratification". Sem surpresa, Schwartz acabou por aceitar que, para ele, só a especulação intradiária funcionava. Como, de resto, refere no parágrafo seguinte: "I'm a scalper (...) I just love to hear the cash register ring. It's the sound of the market telling me I'm a winner, again and again and again. I need to be right seven or eight times out of ten".

O trader com estas características pessoais tem vantagem em adoptar um estilo vocacionado para o curto prazo. Por outro lado, o trader que não se importa de poder perder mais vezes, aquele que não se sente angustiado com as noites passadas em branco a imaginar onde vai o mercado abrir no dia seguinte, provavelmente, ficará melhor servido com uma abordagem mais prolongada no tempo. Ou seja, a escolha do horizonte temporal, ao contrário da escolha do método, é que está, essa sim, intrinsecamente relacionada com os traços de personalidade de cada trader.

2008-08-11

Mão fria?


A vida é feita de ciclos. Há períodos melhores e piores, há os bons e os maus. Nos mercados, não é diferente. Há alturas em que o trader de serviço não falha uma. E há outras em que leva pancada de um lado e de outro. Estas situações acontecem com frequência, seja com traders que utilizam abordagens discricionárias (os "tape readers") ou com aqueles que se socorrem de modelos sistémicos (os "outros"). Portanto, a pergunta que se coloca é: "como lidar com estes períodos"? A minha experiência diz-me que existem três formas de tratar o assunto.


Primeiro, rever os inputs que conduziram às decisões de investimento perdedoras. "Love your losers like you love your winners. Maybe even more" ("The Day Trader's Course", Lewis Borsellino, Wiley Trading 2001) é um adágio que diz bem da necessidade de analisar o que se passa quando se perde dinheiro. Trata-se de um exercício mais fácil de fazer quando o quadro de decisão é metódico e menos dado a parâmetros subjectivos. Mesmo assim pode ser insuficiente, caso não se encontre padrão algum entre os trades perdedores. Nestas alturas, tem que se aceitar que todos os sistemas de análise também podem falhar. Há que continuar e seguir em frente. Porque existem vários tipos de trades: os ganhadores, os perdedores, os bons e os maus. Um trade perdedor não é necessariamente um mau trade. Tal como um trade ganhador não é, por si só, um bom trade.

Segundo, após ter revisto o sistema e não ter detectado qualquer falha grave, o trader persiste em trades perdedores. O que fazer? Voltar a rever os perdedores e reduzir a dimensão das transacções. O pior que pode suceder ao trader é perder a confiança necessária para persistir perante a adversidade. O trader que ganha medo ao mercado está morto. Nestas circunstâncias, o trader vai retrair-se e, garantidamente, é nestes momentos que a abordagem volta a ganhar - com o trader a ver navios e, agora, mais angustiado que nunca. Ou seja, na ausência de sinais vermelhos, o trader tem de continuar a transaccionar mas, porventura, com posições reduzidas. Se perder continuará em jogo sem deteriorar catastroficamente os seus níveis de confiança. Se ganhar, recuperará a convicção num instante. E será, novamente, "business as usual".

Terceiro, o trader continua a perder dinheiro e, agora, está em vias de perder a cabeça. Tem de sair do jogo imediatamente e descansar duas semanas. Como se determina este momento? É uma questão de números. O jogo acaba quando o trader atinge a perda limite que tinha definido "a priori" antes de ter começado a transaccionar. Daí que seja crucial definir um ponto de saída (10, 20 ou 30% do valor disponível para investimento) antes de avançar. E ter a disciplina para sair mesmo, se por acaso o limite for atingido. Vai de férias, bebe umas caipirinhas e esquece o mercado. Mais tarde, pode voltar, rever a sua abordagem e definir novo limite. O mercado estará lá sempre.