2008-09-22

O fim de Wall Street

A “Wall Street” que conhecemos há duas décadas e que moldou financeiramente todo o mundo, chegou ao fim. Os únicos dois bancos de investimento norte-americanos que sobreviveram à pior crise de crédito de sempre, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, vão transformar-se em bancos comerciais. A Reserva Federal norte-americana vai apoiar este processo, estendendo os empréstimos que lhes concede directamente e aceitando uma maior variedade de activos como garantia de créditos. Por outro lado, como bancos comerciais, as duas instituições financeiras vão poder receber os depósitos dos seus investidores. Encontram aqui mais uma forma de reforçar os seus recursos.

Este anúncio surge dois dias depois da FED e do Tesouro anunciarem um plano, avaliado em 700 mil milhões de dólares, para apoiar os bancos com maiores problemas e, assim, os salvar da falência. Desde o início da crise do subprime, o Morgan Stanley já amortizou 15,7 biliões de dólares. O Goldman Sachs amortizou 4,9 biliões de dólares.

A partir de hoje, teremos uma nova Wall Street, sem separação entre a banca de investimento e a banca comercial. Os bancos de investimento mostraram-se incapazes de sobreviver à crise só por si. Os bancos comerciais, como o Bank of America, pelo contrário, ganharam força. Restam cada vez mais dúvidas sobre a possibilidade do Goldman Sachs e do Morgan Stanley continuarem independentes.

A mudança em Wall Street sinaliza uma mudança muito mais profunda do que apenas de mercado. O poderio dos EUA pode estar, igualmente, no final da sua era. O défice externo do país supera os 857 mil milhões de dólares. Mas, há poucos dias acabou de assumir compromissos de mais 700 mil milhões de dólares. Por sua vez, impõe-se os emergentes China, Rússia e Médio Oriente. Aproveitam a fraqueza norte-americana e o petróleo em valores elevados para gerarem lucros megalómanos.

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