Quando o jovem Barton Biggs se dirigiu ao pai, que era Administrador do Citibank, e lhe comunicou que pretendia iniciar uma carreira nos mercados financeiros, o pai deu-lhe um livro para a mão e disse-lhe: “Lê este livro.” O livro era The Intelligent Investor, de Benjamin Graham.
Quando passados dias, Biggs voltou junto do pai com o livro na mão e lhe disse: “Pai, já li.”, o pai virou-lhe as costas e respondeu-lhe: “Então, lê outra vez”.
Benjamin Graham é um clássico da literatura sobre o investimento financeiro, particularmente relevante para a classe dos investidores conhecidos como “value investors”. Estes são os investidores que procuram tirar partido da diferença entre o valor económico de uma empresa e a sua cotação no mercado. Warren Buffett, ele próprio discípulo de Graham, é o exemplo acabado do “value investor”: uma análise minuciosa do valor económico da empresa, a comparação com a sua capitalização bolsista e um horizonte temporal de investimento consideravelmente alongado, às vezes atingindo décadas.
Graham distinguia claramente entre investidores e especuladores e o seu livro, como o título indica, é dirigido aos primeiros e não aos segundos. Porém, muitos dos conselhos de Graham, e que o tornaram um clássico, aplicam-se a ambas as classes.
Quando um dia lhe perguntaram qual a principal razão por que tantas pessoas falham nos mercados financeiros, ele respondeu de uma forma concisa: “A principal razão é a de que as pessoas atribuem demasiada importância às variações da Bolsa em cada momento”.
Graham acreditava que, uma vez estabelecida uma posição no mercado e adoptadas as necessárias regras de prudência, como a definição de uma perda-limite e de um ganho-objectivo, o investidor devia afastar-se da observação dos mercados e que o escrutínio excessivo da evolução das cotações constituía a razão principal das perdas da maioria.
A observação de Graham parece ter antecipado em várias décadas estudos recentes da psicologia financeira, segundo as quais a natureza humana está feita para perder nos mercados financeiros, e tanto mais quanto maior for o escrutínio que o investidor exerce sobre os mercados. Aquele que segue ao minuto, ou mesmo ao segundo, as cotações na Bolsa da empresa em que investiu, em lugar de estar a zelar pelo seu dinheiro, como eventualmente julgará, estará mais provavelmente a cavar a sua ruína.
A razão é que o ser humano reage aos ganhos e às perdas de uma forma assimétrica. Os ganhos são considerados acontecimentos normais, fruto do seu trabalho, da sua inteligência, da sua capacidade de antevisão e da sua perseverança, ao passo que as perdas são consideradas acontecimentos extraordinários. Por isso, a satisfação que uma pessoa retira de ganhar mil euros na Bolsa é muito menor que o sofrimento em que incorre quando perde mil euros. Na realidade, estudos quantitativos sugerem que o sofrimento em que o investidor incorre com uma perda na Bolsa é mais do dobro da satisfação que retira de um ganho de igual montante.
A consequência lógica é inevitável. O impulso para actuar, significando fechar a posição, é maior – na realidade, mais do dobro – em caso de perda do que em caso de ganho. Não surpreende que a generalidade das pessoas saia do mercado a perder. A natureza humana está feita para isso mesmo.
Quando passados dias, Biggs voltou junto do pai com o livro na mão e lhe disse: “Pai, já li.”, o pai virou-lhe as costas e respondeu-lhe: “Então, lê outra vez”.
Benjamin Graham é um clássico da literatura sobre o investimento financeiro, particularmente relevante para a classe dos investidores conhecidos como “value investors”. Estes são os investidores que procuram tirar partido da diferença entre o valor económico de uma empresa e a sua cotação no mercado. Warren Buffett, ele próprio discípulo de Graham, é o exemplo acabado do “value investor”: uma análise minuciosa do valor económico da empresa, a comparação com a sua capitalização bolsista e um horizonte temporal de investimento consideravelmente alongado, às vezes atingindo décadas.
Graham distinguia claramente entre investidores e especuladores e o seu livro, como o título indica, é dirigido aos primeiros e não aos segundos. Porém, muitos dos conselhos de Graham, e que o tornaram um clássico, aplicam-se a ambas as classes.
Quando um dia lhe perguntaram qual a principal razão por que tantas pessoas falham nos mercados financeiros, ele respondeu de uma forma concisa: “A principal razão é a de que as pessoas atribuem demasiada importância às variações da Bolsa em cada momento”.
Graham acreditava que, uma vez estabelecida uma posição no mercado e adoptadas as necessárias regras de prudência, como a definição de uma perda-limite e de um ganho-objectivo, o investidor devia afastar-se da observação dos mercados e que o escrutínio excessivo da evolução das cotações constituía a razão principal das perdas da maioria.
A observação de Graham parece ter antecipado em várias décadas estudos recentes da psicologia financeira, segundo as quais a natureza humana está feita para perder nos mercados financeiros, e tanto mais quanto maior for o escrutínio que o investidor exerce sobre os mercados. Aquele que segue ao minuto, ou mesmo ao segundo, as cotações na Bolsa da empresa em que investiu, em lugar de estar a zelar pelo seu dinheiro, como eventualmente julgará, estará mais provavelmente a cavar a sua ruína.
A razão é que o ser humano reage aos ganhos e às perdas de uma forma assimétrica. Os ganhos são considerados acontecimentos normais, fruto do seu trabalho, da sua inteligência, da sua capacidade de antevisão e da sua perseverança, ao passo que as perdas são consideradas acontecimentos extraordinários. Por isso, a satisfação que uma pessoa retira de ganhar mil euros na Bolsa é muito menor que o sofrimento em que incorre quando perde mil euros. Na realidade, estudos quantitativos sugerem que o sofrimento em que o investidor incorre com uma perda na Bolsa é mais do dobro da satisfação que retira de um ganho de igual montante.
A consequência lógica é inevitável. O impulso para actuar, significando fechar a posição, é maior – na realidade, mais do dobro – em caso de perda do que em caso de ganho. Não surpreende que a generalidade das pessoas saia do mercado a perder. A natureza humana está feita para isso mesmo.
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