Para obterem retornos elevados – incorrendo, pelo caminho, em riscos elevados – os especuladores utilizam diversas técnicas. Uma delas é a adopção de posições curtas, isto é, posições que permitem ganhar com a queda do mercado.
Para os não-profissionais, a ideia de que seja possível ganha dinheiro com a queda do mercado – e, no limite, ganhar muito dinheiro com um crash – representa a perplexidade suprema e a prova acabada de que os especuladores são pessoas de moralidade questionável, beneficiando da desgraça alheia. E se acrescentássemos, a título de exemplo, que os especuladores que possuíam posições curtas em 11 de Setembro de 2001 ganharam substancialmente com os ataques terroristas, enquanto a generalidade dos investidores viam as suas acções cair em flecha, então é bem provável que a indignação moral suba ao máximo e que todo o debate posterior se torne impossível. O mesmo se pode dizer acerca da queda pronunciada dos mercados ao longo do último ano motivada pela crise financeira.
No entanto, a realidade é diferente. Não fossem os especuladores detendo posições curtas a 11 de Setembro, ou durante a actual crise financeira, e todas as vítimas das pronuncoiadas quedas bolsistas que se lhes seguiram – milhões de pessoas em todo o mundo possuindo acções da Microsoft ou da Intel, da Boeing ou da Matsushita, da EDP ou da Sonae – teriam perdido muito mais. Daqui a concluir que os especuladores curtos, em lugar da condenação, merecem talvez um louvor é um passo que um homem informado não hesitaria em dar.
A generalidade dos investidores, e o mesmo acontece frequentemente com os especuladores, adoptam posições longas no mercado, isto é, posições que ganham com a subida do mercado e perdem com a sua queda. Acontece assim quando alguém compra acções da Microsoft, futuros do Nasdaq ou do crude, na expectativa de que o seu preço suba, para depois vender, e sair do mercado com lucro.
Pelo contrário, numa posição curta, o especulador vende primeiro o activo – acções da Microsoft ou do BCP, futuros do Nasdaq ou do crude – na expectativa de que o seu preço caia, para depois o comprar a preço mais baixo, e encaixar um lucro com a transacção. Numa posição curta, o especulador ganha com a queda do mercado e perde com a sua subida.
A questão pertinente é a de saber como é que o especulador curto consegue vender uma coisa antes de a comprar. A resposta não é assim tão difícil – se conseguir encontrar alguém que lhe empreste. Admitamos que as acções da Intel estão hoje cotadas a $25 e que eu antecipo que o seu preço vai cair. Admitamos ainda que consigo encontrar alguém que possua acções da Intel e que esteja disposto a emprestar-mas. Então, eu vendo as acções da Intel que tomei de empréstimo. Se as minhas expectativas se confirmarem, passadas três semanas, as acções da Intel caíram para $20. Nessa altura, compro-as, devolvo-as ao seu proprietário, e pelo caminho ganhei $5 por acção, ou 20% do meu investimento inicial. Pelo contrário, se as minhas expectativas saírem goradas e as acções da Intel, em lugar de caírem, subirem para $30, então vou ter um prejuízo, porque terei de as comprar a este preço, a fim de as devolver a quem me as emprestou, incorrendo numa perda de $5 por acção ou 20% do meu investimento inicial.
Os bancos de investimento que actuam como “market-makers” - empresas como a Merrill Lynch, Morgan Stanley, Goldman Sachs – são as instituições que, contra um depósito de garantia e o pagamento de uma comissão, estão dispostas a emprestar aos seus clientes – os especuladores – os activos que estes não possuem e que lhes permitem a adopção de posições curtas, seja em acções da Intel, da Microsoft ou da Boeing, seja contratos de futuros sobre o Nasdaq, o Dow Jones, o crude, o ouro, o açúcar ou o gás natural.
Em situações de queda pronunciada das Bolsas, como nos dias subsequentes ao 11 de Setembro ou nas últimas semanas da recente crise financeira, virtualmente, os únicos compradores que aparecem no mercado são os especuladores curtos, comprando a preço mais baixo aquilo que venderam a preço mais alto, fechando as suas posições e encaixando os seus lucros. Não fossem eles a suportar o mercado, e a queda do mercado seria mais pronunciada – se calhar, de proporções catastróficas.
Para os não-profissionais, a ideia de que seja possível ganha dinheiro com a queda do mercado – e, no limite, ganhar muito dinheiro com um crash – representa a perplexidade suprema e a prova acabada de que os especuladores são pessoas de moralidade questionável, beneficiando da desgraça alheia. E se acrescentássemos, a título de exemplo, que os especuladores que possuíam posições curtas em 11 de Setembro de 2001 ganharam substancialmente com os ataques terroristas, enquanto a generalidade dos investidores viam as suas acções cair em flecha, então é bem provável que a indignação moral suba ao máximo e que todo o debate posterior se torne impossível. O mesmo se pode dizer acerca da queda pronunciada dos mercados ao longo do último ano motivada pela crise financeira.
No entanto, a realidade é diferente. Não fossem os especuladores detendo posições curtas a 11 de Setembro, ou durante a actual crise financeira, e todas as vítimas das pronuncoiadas quedas bolsistas que se lhes seguiram – milhões de pessoas em todo o mundo possuindo acções da Microsoft ou da Intel, da Boeing ou da Matsushita, da EDP ou da Sonae – teriam perdido muito mais. Daqui a concluir que os especuladores curtos, em lugar da condenação, merecem talvez um louvor é um passo que um homem informado não hesitaria em dar.
A generalidade dos investidores, e o mesmo acontece frequentemente com os especuladores, adoptam posições longas no mercado, isto é, posições que ganham com a subida do mercado e perdem com a sua queda. Acontece assim quando alguém compra acções da Microsoft, futuros do Nasdaq ou do crude, na expectativa de que o seu preço suba, para depois vender, e sair do mercado com lucro.
Pelo contrário, numa posição curta, o especulador vende primeiro o activo – acções da Microsoft ou do BCP, futuros do Nasdaq ou do crude – na expectativa de que o seu preço caia, para depois o comprar a preço mais baixo, e encaixar um lucro com a transacção. Numa posição curta, o especulador ganha com a queda do mercado e perde com a sua subida.
A questão pertinente é a de saber como é que o especulador curto consegue vender uma coisa antes de a comprar. A resposta não é assim tão difícil – se conseguir encontrar alguém que lhe empreste. Admitamos que as acções da Intel estão hoje cotadas a $25 e que eu antecipo que o seu preço vai cair. Admitamos ainda que consigo encontrar alguém que possua acções da Intel e que esteja disposto a emprestar-mas. Então, eu vendo as acções da Intel que tomei de empréstimo. Se as minhas expectativas se confirmarem, passadas três semanas, as acções da Intel caíram para $20. Nessa altura, compro-as, devolvo-as ao seu proprietário, e pelo caminho ganhei $5 por acção, ou 20% do meu investimento inicial. Pelo contrário, se as minhas expectativas saírem goradas e as acções da Intel, em lugar de caírem, subirem para $30, então vou ter um prejuízo, porque terei de as comprar a este preço, a fim de as devolver a quem me as emprestou, incorrendo numa perda de $5 por acção ou 20% do meu investimento inicial.
Os bancos de investimento que actuam como “market-makers” - empresas como a Merrill Lynch, Morgan Stanley, Goldman Sachs – são as instituições que, contra um depósito de garantia e o pagamento de uma comissão, estão dispostas a emprestar aos seus clientes – os especuladores – os activos que estes não possuem e que lhes permitem a adopção de posições curtas, seja em acções da Intel, da Microsoft ou da Boeing, seja contratos de futuros sobre o Nasdaq, o Dow Jones, o crude, o ouro, o açúcar ou o gás natural.
Em situações de queda pronunciada das Bolsas, como nos dias subsequentes ao 11 de Setembro ou nas últimas semanas da recente crise financeira, virtualmente, os únicos compradores que aparecem no mercado são os especuladores curtos, comprando a preço mais baixo aquilo que venderam a preço mais alto, fechando as suas posições e encaixando os seus lucros. Não fossem eles a suportar o mercado, e a queda do mercado seria mais pronunciada – se calhar, de proporções catastróficas.
1 comentário:
E os especuladores que neste momento entram no mercado ou retomam-no, continuando a assumir posições curtas, não estarão eles a puxar os mercados para o fundo? E na fase em que estamos nem sei se assumem grandes riscos.
Vítor
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