2009-02-24

Estado português prepara-se para emitir dívida

A Société Générale, uma das instituições financeiras contratadas para colocar as obrigações, anunciou hoje que Portugal vai emitir dívida no valor de 4 mil milhões de euros com uma maturidade de 10 anos. O Estado irá pagar um “spread” de 135 pontos base nesta emissão, acima da taxa “swap” correspondente à maturidade. Hoje, a taxa está nos 3,39%. A taxa de juro anual fixará nos 4,75%. Para além da Societé Générale, a operação será conduzida pelo Barclays, BES, BNP Paribas e pelo Calyon.

A agência de notação de rating Standard & Poor’s atribui à operação um rating de “A+e”. Esta é a segunda emissão de dívida depois da S&P ter revisto em baixa a notação atribuída à dívida nacional para “A+”. No início deste mês, o Estado efectuou uma emissão de dívida de 750 milhões de euros, com maturidade em 2015, e um cupão de 3,35%.

No gráfico abaixo, é possível visualizar o spread (diferença) entre a taxa de juro paga pelos títulos da dívida pública de Portugal e a taxa de juro paga pelos títulos da dívida pública alemã (“bunds”). Quanto maior o spread menor a confiança que o mercado deposita na solvência do Estado português.


O défice orçamental de um país pode ser financiado de duas formas: emissão de títulos de dívida pública (obrigações do tesouro) que são adquiridos por empresas e particulares ou emissão de moeda, o que implica a obtenção de crédito junto do banco central, ou venda de títulos de dívida pública ao banco central.

A dívida pública portuguesa corresponde actualmente a cerca de 70% do PIB. Com um nível de endividamento cada vez maior, o Estado terá de suportar encargos com os juros cada vez maiores para se financiar. Este aumento do custo de crédito repercute-se nas empresas e particulares, que acabam por diminuir as suas despesas (de investimento e de consumo, respectivamente). Desta forma, as receitas fiscais do Estado são penalizadas.

Fonte: Bloomberg

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