Existem diversas filosofias de investimento. Há quem invista por impulso, com base na intuição que resulta de muitos anos de experiência a observar o comportamento dos mercados. E há também quem investe de forma analítica, a partir da conceptualização de padrões de mercado que ocorreram no passado e cuja expectativa é de que se repitam no futuro. Os primeiros são os "tape readers". Para os segundos não há nenhuma designação específica. O importante é que, no fundo, ambos são especuladores ou investidores que procuram o mesmo objectivo, o lucro, mas de forma distinta. Ou seja, através de um qualquer método ou até através da ausência de método.
Ao longo dos anos, já experimentei as duas versões. Entre 2000 e 2003, fui um "tape reader" - inserido na cultura institucional que era então exclusivamente preconizada nesta empresa. Desde então, especializei-me na construção de modelos parametrizados que, de forma cega, disparam sinais automáticos de compra e venda. Qual a melhor estratégia? A resposta "cliché" é afirmar-se que depende dos traços de personalidade de cada gestor. Porém, tendo já experimentado dos dois, não tenho dúvidas em afirmar que, a prazo, algum tipo de método é necessário. Assim, a minha opinião é de que a segunda estratégia aumenta a probabilidade de sucesso.
A primeira abordagem tem como vantagem o facto de se adaptar mais rapidamente às alterações das circunstâncias de mercado como, por exemplo, quando se passa de Bull para Bear Market (ou vice versa) - menos vulnerável a quebras de estrutura. Contudo, o caos que caracteriza os inputs e a forma como se processa a decisão conduz ao desgaste emocional que, a prazo, cria enviezamentos de opinião e afecta negativamente a performance.
A segunda abordagem tem como desvantagem o facto de estar sujeita a quebras de estrutura - fenómeno que afecta quase todos os sistema de transacção automática, até os mais robustos do ponto de vista estatístico. O impacto na performance é imediato. Contudo, a grande vantagem associada à utilização do método é a de que este reduz, drasticamente, a probabilidade de criação de enviezamentos. Por conseguinte, salvo quebra de estrutura, é possível manter uma consistência de gestão que, a prazo, nenhuma abordagem 100% subjectiva permite.
3 comentários:
Há um livro que me parece muito relacionado com este post, o Blink,
http://www.amazon.com/Blink-Power-Thinking-Without/dp/0316172324
Já leu? Acho que tem um bocado de palha a mais e o autor é demasiado "teatral e lamechas" mas tem partes muito interessantes.
Caro Pedro Gil,
Já li o "Blink". Na altura, estava em NY e comprei-o no aeroporto porque era o best seller de então. Lembro-me que na altura fiquei decepcionado, mas já não me recordo porquê!?! Mau sinal!
ra
Como disse no outro comentário, o livro tem palha a mais e é muito teatral. Mas tem coisas interessantes.
Ele conta que, por exemplo, se tentar descrever verbalmente a ultima pessoa que viu na rua então teria mais dificuldade em a reconhecer numa linha juntamente com outras pessoas do que se não tivesse feito este exercício. Isto seria um exemplo dos mecanismos de racionalização a dificultarem as faculdades mais instintivas de reconhecimento de caras.
Por vezes tentar racionalizar e tentar partir raciocínios em pedaços lógicos atrasa-nos. Somos um bocado "quânticos", se formos "medidos" colapsamos e podemos perder grande potencial (perdoem-me a nerdice).
Por outro lado imagino que o factor psicológico, o stress de perder algumas vezes seguidas, deve ser lixado...
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