Provavelmente, uma das filosofias de especulação mais difíceis de racionalizar é a filosofia contrária.
Na sua versão mais crua, mas apesar de tudo, a mais racionalizável, esta filosofia exprime-se assim: quando as notícias de um “bull market” chegam aos jornais, é altura de liquidar posições longas e, eventualmente, abrir posições curtas; pelo contrário, quando as notícias de quedas prolongadas nos mercados surgem na imprensa, é sinal para liquidar posições curtas e abrir posições longas.
A ideia central por detrás desta posição é a de que, quando a imprensa anuncia que as Bolsas não param de subir há várias semanas ou meses, tal é indicativo de que todos os profissionais já compraram o que tinham a comprar e que o potencial de subida reside apenas agora nos investidores amadores – o público em geral, que é visto como um grupo de investidores marginais. De acordo com esta lógica, o mercado está prestes a atingir o seu máximo e é altura de vender ou investir em posições curtas. Pelo contrário, quando as quedas continuadas na Bolsa fazem manchetes nos jornais, só os investidores distraídos – os amadores – ainda não venderam, significando que o mercado está prestes a atingir o mínimo e a inverter.
Numa outra versão, popularizada, entre outros, por Marx Hulbert, editor da Hulbert Financial Digest, o mercado está feito para enganar a maioria dos investidores. Assim, quando a maioria está “bullish”, é altura para entrar curto; pelo contrário se a maioria está “bearish” é altura para entrar longo. Presume-se que os investidores – pelo menos, a maioria dos investidores – são racionais.
Esta posição possui duas dificuldades. A primeira é a de que, presumindo que a maioria dos investidores são racionais, e recomendando a entrada no mercado contra a posição da maioria, o especulador-contrário, entra no mercado com uma posição que é ostensivamente irracional, pelo menos aos olhos da maioria. No caso de a posição sair perdedora, e particularmente no caso de um especulador institucional, ele vai ter grande dificuldade em explicar aos seus clientes porque é que entrou curto quando toda a gente previa que o mercado ia subir, ou porque é que entrou longo quando a voz corrente no mercado era a de que ele ia cair.
A segunda dificuldade é a presunção de que o mercado está feito para enganar a maioria. Trata-se aqui de um acto de fé e de um acto de fé incompleto. Na verdade, é muito difícil ganhar dinheiro nos mercados financeiros e provavelmente a maioria dos investidores são traídos pelo mercado, e perdem dinheiro. Porém, a questão a que esta posição tem dificuldade em responder é a seguinte: se os mercados enganam a maioria, porque razão não hão-de eles enganar também as minorias e, em particular, a minoria dos especuladores-contrários?
Uma terceira versão de especuladores-contrários é expressa, entre outros, por Michael Steinhardt (No Bull – My Life in and Out of Markets, John Wiley & Sons, New York, 2001, pp.129 e segs.). Diz ele “Durante este período, comecei a articular conscientemente a virtude de usar percepção variante como um instrumento de análise. Defino percepção variante como a situação de possuir uma visão bem fundamentada dos mercados que é significativamente diferente da visão consensual. Eu dizia frequentemente que a única coisa que interessava era possuir uma posição intelectual dissonante e comparativamente superior”.
Possuindo todos os intervenientes no mercado um incentivo poderoso para actuarem de forma racional – especialmente aqueles que, fazendo especulação institucional, têm de prestar contas aos seus clientes - aquilo a que Steinhardt apela é a uma forma de racionalidade superior. É óbvio que uma racionalidade superior à dos concorrentes é a receita certa para o sucesso, seja na Bolsa seja em outras formas concorrenciais de actividade humana. A dificuldade reside em conseguir atingi-la, numa actividade em que a concorrência se mede em milhões de profissionais altamente especializados e milhões de especuladores, muitos com sucesso continuado, mas que nunca reclamaram como justificação uma racionalidade extraordinária, mas frequentemente a mera disciplina, a ousadia e, às vezes, somente a sorte.
Na sua versão mais crua, mas apesar de tudo, a mais racionalizável, esta filosofia exprime-se assim: quando as notícias de um “bull market” chegam aos jornais, é altura de liquidar posições longas e, eventualmente, abrir posições curtas; pelo contrário, quando as notícias de quedas prolongadas nos mercados surgem na imprensa, é sinal para liquidar posições curtas e abrir posições longas.
A ideia central por detrás desta posição é a de que, quando a imprensa anuncia que as Bolsas não param de subir há várias semanas ou meses, tal é indicativo de que todos os profissionais já compraram o que tinham a comprar e que o potencial de subida reside apenas agora nos investidores amadores – o público em geral, que é visto como um grupo de investidores marginais. De acordo com esta lógica, o mercado está prestes a atingir o seu máximo e é altura de vender ou investir em posições curtas. Pelo contrário, quando as quedas continuadas na Bolsa fazem manchetes nos jornais, só os investidores distraídos – os amadores – ainda não venderam, significando que o mercado está prestes a atingir o mínimo e a inverter.
Numa outra versão, popularizada, entre outros, por Marx Hulbert, editor da Hulbert Financial Digest, o mercado está feito para enganar a maioria dos investidores. Assim, quando a maioria está “bullish”, é altura para entrar curto; pelo contrário se a maioria está “bearish” é altura para entrar longo. Presume-se que os investidores – pelo menos, a maioria dos investidores – são racionais.
Esta posição possui duas dificuldades. A primeira é a de que, presumindo que a maioria dos investidores são racionais, e recomendando a entrada no mercado contra a posição da maioria, o especulador-contrário, entra no mercado com uma posição que é ostensivamente irracional, pelo menos aos olhos da maioria. No caso de a posição sair perdedora, e particularmente no caso de um especulador institucional, ele vai ter grande dificuldade em explicar aos seus clientes porque é que entrou curto quando toda a gente previa que o mercado ia subir, ou porque é que entrou longo quando a voz corrente no mercado era a de que ele ia cair.
A segunda dificuldade é a presunção de que o mercado está feito para enganar a maioria. Trata-se aqui de um acto de fé e de um acto de fé incompleto. Na verdade, é muito difícil ganhar dinheiro nos mercados financeiros e provavelmente a maioria dos investidores são traídos pelo mercado, e perdem dinheiro. Porém, a questão a que esta posição tem dificuldade em responder é a seguinte: se os mercados enganam a maioria, porque razão não hão-de eles enganar também as minorias e, em particular, a minoria dos especuladores-contrários?
Uma terceira versão de especuladores-contrários é expressa, entre outros, por Michael Steinhardt (No Bull – My Life in and Out of Markets, John Wiley & Sons, New York, 2001, pp.129 e segs.). Diz ele “Durante este período, comecei a articular conscientemente a virtude de usar percepção variante como um instrumento de análise. Defino percepção variante como a situação de possuir uma visão bem fundamentada dos mercados que é significativamente diferente da visão consensual. Eu dizia frequentemente que a única coisa que interessava era possuir uma posição intelectual dissonante e comparativamente superior”.
Possuindo todos os intervenientes no mercado um incentivo poderoso para actuarem de forma racional – especialmente aqueles que, fazendo especulação institucional, têm de prestar contas aos seus clientes - aquilo a que Steinhardt apela é a uma forma de racionalidade superior. É óbvio que uma racionalidade superior à dos concorrentes é a receita certa para o sucesso, seja na Bolsa seja em outras formas concorrenciais de actividade humana. A dificuldade reside em conseguir atingi-la, numa actividade em que a concorrência se mede em milhões de profissionais altamente especializados e milhões de especuladores, muitos com sucesso continuado, mas que nunca reclamaram como justificação uma racionalidade extraordinária, mas frequentemente a mera disciplina, a ousadia e, às vezes, somente a sorte.
1 comentário:
Ola Boa Noite.
Dr. Pedro,sou cliente.
Depreendo que adivinha-se então uma boa altura de ganho/perda.sera?
No meio deste "turbilhão" qual a eficacia do processo de investimnto metedologico/racional?
Estamos ja em territorio de "roleta"?
Obrigado
P.P.
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