O endividamento das famílias é cada vez maior. Para piorar a situação, agrava-se o desemprego, aumenta a inflação e os salários nominais não acompanham o ritmo da subida dos preços. Na Europa, o panorama é semelhante, contudo, é em Portugal que as pessoas manifestam maior preocupação.
De acordo com o
Eurobarómetro da Comissão Europeia 71% dos portugueses admite que tem dificuldades para pagar as suas contas. Somos o país que apresenta a maior percentagem face a um conjunto de países cuja média é de 47%. Por outro lado, 41% dos portugueses está convicto que a sua situação financeira vai piorar nos próximos anos, enquanto que apenas 25% dos europeus sente o mesmo, 48% dos portugueses não está satisfeito com a vida que leva, segundo as principais conclusões, citadas pelo
Jornal de Negócios .
Para além de esta ser uma situação que é realmente preocupante, há igualmente falta de gestão orçamental familiar. Em períodos de expansão, os bancos facilitam o acesso ao crédito e as famílias ficam com pouca "margem de manobra", especialmente porque os empréstimos se prolongam por vários anos.
Quando o período é de abrandamento e recessão económica, apesar dos bancos serem mais exigentes no que diz respeito ao acesso ao crédito, as famílias vêem a sua situação financeira a deteriorar-se e continuam com os mesmos encargos mensais. Face a essa situação não há muito a fazer. O velho adágio "Mais vale prevenir que remediar" ganha aqui uma importância redobrada. Mas não é menos verdade que mais vale remediar do que não fazer nada. Essas famílias terão agora que reequilibrar a sua situação financeira, nomeadamente a nível dos créditos. Em segundo lugar, terão que aprender com os erros e utilizar o crédito de modo racional e para despesas que conseguem suportar. A nível governamental, baixar a taxa de juro não é a solução a seguir, pois apenas constitui um balão de oxigénio temporário. Contudo, aumentá-la vai criar dificuldades extremas às famílias e piorar o sistema económico. A nível da carga fiscal, não é um ponto percentual do IVA que faz a diferença. A principal intervenção terá que ser nos impostos directos, nomeadamente a nível de IRS para as famílias e de IRC para as empresas. A nível do
ISP, não considero que é a sua diminuição que resolve esse problema. No entanto, é necessária uma diminuição deste imposto pois é excessivamente elevado, sobretudo quando comparado com os restantes países da Europa.
Em suma, o Governo deve actuar a nível de impostos directos de modo a aliviar a carga fiscal dos particulares e empresas, de modo a não os responsabilizar pelo défice do país. Com isto, consegue-se dois efeitos:- O rendimento líquido das famílias aumenta- As empresas têm mais condições para proporcionar um aumento dos postos de trabalho e um aumento do nível salarial dos seus funcionários.Resultado:- Menor endividamento relativo- Menor desemprego- Maiores salários reais.